Cartões: telas de apresentação (output) das informações no Google Glass, com menor volume de apresentação primária de informações que as telas de computadores, celulares e tablets – conceito utilizado na maioria das tecnologais vestíveis.
Microinterações: maneiras simples e rápidas de interagir com as tecnologias vestíveis (input) para que sua importância não seja maior que as atividades imediatas da vida do usuário.
De acordo com o Princípio do Mordomo, toda Glassware deve seguir as diretrizes que orientam as tecnologias vestíveis: estar sempre a disposição – através da computação ubíqua -, não exigir que o usuário interrompa o que está fazendo para interagir com a aplicação – por meio de consciência de sua localização e contexto – e ter funcionamento intuitivo. Para isso, não apenas o planejamento, como também o design e o desenvolvimento de uma aplicação de sucesso no Google Glass devem ter ciência de que as telas e a maneira de interação com o hardware são diferentes de seus antecessores – computadores, tablets e celulares.
Diferentemente do que se faz com a criação de aplicativos para tablets, em se tratando de tecnologias vestíveis, não se deve simplesmente transpor as telas dos celulares para o Glass. A tecno veste exige que suas aplicações sejam elaboradas desde a sua base tendo em mente o quão íntima é a interação do usuário e, por isso, não pode simplesmente estar alheia ao contexto em que o usuário está inserido.
Tanto o conteúdo quanto a apresentação das informações devem ser simples, relevantes e atuais (SRA), por isso o time que desenvolveu o sistema operacional do Glass pensou em apresentá-las em forma de cartões. Os cartões são telas – ou blocos de construção de experiência do usuário – que contêm as informações essenciais da aplicação e exigem apenas um toque no touchpad ou um comando de voz para mostrar os seus desdobramentos – ou seja, suas telas subsequentes.
Os cartões apresentam-se no prisma do Glass – ver post sobre a mecânica do prisma – na proporção 16×9, dando a impressão de uma tela de 25 polegadas a 2,5m de distância, ajustam-se automaticamente de acordo com a luminosidade do ambiente , podem detectar quando o usuário está olhando diretamente para ele e podem ser divididos em três categorias: estáticos, dinâmicos (vivos) e imersivos. Cada um serve a um propósito, respectivamente relacionado ao nível de envolvimento que exigem do usuário:
Estes cartões apresentam notificações e informações rápidas, por isso sua função é cumprida no momento em que o usuário visualiza as informações que eles entregam. A Glassware que utiliza este recurso, geralmente, é feita com texto, html, imagens e videos, e podem estar associadas aos demais tipos de cartões.
Mirror API, ou API Espelho, é a documentação disponível pelo fabricante do produto para que seja possível executar o aplicativo com os arquivos disponibilizados na nuvem. A Glassware criada com esse recurso geralmente é mais simples, não utiliza os sensores do aparelho e giram entorno de notificações.
São exemplos de Glassware que utilizam o API Espelho: IFTTT, Jewish Guide for Glass, MyRadar, Umano, Shop X.
Cartão Dinâmico
Estes cartões necessitam da ação do usuário para serem úteis, contudo não demandam que ele fique atento às atividades que inicializaram para que sejam utilizados da maneira correta. A Glassware que utiliza este recurso, geralmente, é feita com o GDK e permite que atividades rodem em segundo plano enquanto o Glass se dedica a processar outras atividades.
GDK, ou o Kit de Desenvolvimento para Google Glass, é um conjunto de arquivos e ferramentas necessário para criar aplicações que rodam no Google Glass e são capazes de utilizar os sensores e dispositivos dele. A Glassware criada com esse recurso geralmente é mais complexa e utiliza os sensores – giroscópio, acelerômetro, bússola de três eixos – do aparelho.
São exemplos de Glassware que utilizam o GDK: Stopwatch, Google Play Music, Gmail, WorldLens, All the Cooks.
Cartão Imersivo
Esses cartões demandam atenção completa do usuário para que sejam devidamente utilizados, de maneira que é altamente recomendado que o usuário não tente dividir sua atenção com outras atividades a partir do momento que ele for iniciado – entenda se é perigoso dirigir utilizando o Google Glass. Geralmente, este tipo de Glassware exige tanto do processamento quanto da conexão de internet para oferecer uma experiência completa.
Pode-se utilizar o Mirror API e o GDK para que sejam criadas experiências mais robustas, sejam elas imersivas ou não. As aplicações imersivas estão no limiar entre a realidade aumentada e a realidade virtual, por isso é importante que se esteja ciente dos princípios de design para as tecnologias vestíveis.
São exemplos de Glassware híbrida: Hangouts, StarChart, Lynxfit, Minigames, Zmbies Run.
Conclusão:
Deve-se lembrar que – independente do modo de desenvolvimento escolhido Mirror API, GDK ou híbrido – todas as interações com os cartões devem ser baseadas em microinterações, ou seja, o usuário deve receber o que solicita naquele momento e continuar com sua vida como se a tecno veste não existisse. Para isso, tanto os comandos de voz quanto o planejamento e a simplificação dos cartões devem ser simples e coloquiais, porém imperativos e diretos.
Elementos da elaboração da nova Glassware como planejamento, design e desenvolvimento devem levar em consideração tanto a apresentação no prisma quanto o modo que o usuário interage com o Google Glass. Respeitando-se as diretrizes que orientam a evolução das tecnologias vestíveis – estar sempre alerta ao contexto e à localização do usuário, deixá-lo sempre livre para aproveitar o momento presente, ter modo de utilização intuitiva -, a aplicação deve almejar simplicidade, relevância e atualidade.